sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Relatório de Estágio de Observação 1° semestre



Introdução

Durante o primeiro semestre foi realizado, em escolas escolhidas a critérios dos alunos, estágio de observação. Essa atividade é recomendada a todos os alunos que pretendem se formar em licenciatura.
Meu estágio foi realizado juntamente ao minha colega de classe Joyce Leitão. Escolhemos para a realização da atividade uma escola pública, a fim de ser possível a apreender a realidade da maioria dos estudantes brasileiros.
A escola escolhida foi o Colégio Estadual Padre José de Anchieta.Esse colégio é considerado um dos melhores da cidade de londrina, de forma que encontramos boas condições estruturais. As aulas observadas foram referentes a disciplina de Geografia.
A relação aluno-professor.As salas são geralmente cheias, contando com cerca de 40 alunos cada. As crianças, principalmente dentro da escola pública, são oriundas de realidades múltiplas. Realidades distintas não somente no sentido sócio-economico, mas também no sentido cultural. Cada criança apresenta um comportamento ímpar de forma que o professor tem que estar atento a estes nuances para que sua prática não venha a prejudicar o aluno.Em salas de quinta e sexta série, percebemos que existe um respeito muito grande pela figura do professor. Respeito pelo medo que o professor possui de dar punições, como pontos negativos, mandar para a diretoria, mudar de carteira.
Contudo mais que o respeito a figura do professor, o comportamento destes púberes é inquieto. Os alunos procuram estar sempre sentados p´roximo a seus amigos com o interesse de partilharem suas descobertas sobre o mundo, isso gera dentro da sala de aula conversas paralelas constantes e o professor tem que interromper a aula muitas vezes para pedir aos falantes que se calem.Essa ansiedade própria de crianças dessa faixa etária faz com que grande parte da aula seja destinada as tentativas do professor de organizar a sala de aula e de esperar dos alunos que se acalmem.
Talvez existam professores que controlem mais a situação que outros, mas deivdo a etapa de desenvolvimento destas crianças o comportamente é comum, contudo as respostas que as crianças vão dar ao professor mediante seu pedido de silêncio encontra seus moldes na vida que este estudante tem fora da escola, juntamente a sua família e a todo seu círculo social.
Neste sentido é que afirmo que as realidades são distintas, e que essas realidades distintas acabam por interferir em um ambiente neutro que pretende ser a sala de aula. Interfere na medida que cada um interpreta as reaçãos professor/colega de forma própria, sendo bastante complexo para o professor da conta de uma organização de maneira eficaz e rápida.


O conteúdo

O conteúdo ministrado no ensino fundamental é bastante simples, próprio para que as crianças não tenham dificuldade de assima-lo. Não penso que a dificuldade de assimilar um conhecimento mais complexo exista no alunado, antes penso que a dificuldade para que se exija uma maior grau de abstração está baseado no fato de que o aluno nesta fase de sua vida se defronta com muitas informações novas para absorver em sua vida, muitas vezes não sobrando o espaço necessário em suas mentes que requer o conhecimento científico.
Prova disso é a impressão que temos de que as crianças, principalmente aquelas da periferia, onde as possibilidades de lazer são menores, veem a escola como lugar de recreação, de reencontrar os amigos e não como o lugar do estudo e da aprendizagem cientifica.Portadores de Necessidades Especiais na Sala de Aula.
Em minha sala de aula não encontrei nenhum aluno portador de necessidades especiais mais graves. Na sala havia um aluno dilexo, e o que foi percebido em relação a este problema foi o despreparo do professor em auxiliar este aluno, ou mesmo a falta de tempo do professor, de oferecer a um aluno diferenciado a atenção que este requer dentro de uma sala cheia de outros alunos tentando chamar-lhe a atenção.
Isso me fez pensar a respeito das necessidades especiais mais graves. Até que ponto as escolas estão sendo preparadas para receber este tipo de alunado? Até que ponto a formação cultural das crianças aceita receber sem preconceito uma criança especial em seu meio?
O Professorado.Na sala dos professores encontramos muitas reclamações em relação ao Estado e ao ensino. Muitos professores dispostos a exonerarem seus cargos. Muitos relatos de violencia em sala de aula.Percebemos que o professorado é uma classe trabalhadora muito desgastada, devido a grande carga horária a que são submetidos devido aos baixos salário e também devido as condições de desgaste físico e psicológico, principalmente naquelas escolas em que o índice de violência é maior.


Recursos Didáticos

Observamos que o professor utilizou poucos recursos para o ensino. Todas as aulas assistidas limitaram-se ao uso do livro didático e explicação verbal do professor.
Sabemos das dificuldades encontradas pelas escolas públicas para adquirirem material, contudo para tornar mais eficiente a assimilação do conteúdo o professor poderia ter usado o quadro-negro e eventualmente mapas.
Em conversa com o professor, ele nos contou com o Governo do Paraná distribuiu para todos os professores da rede pública pen-drives, afim de que o uso do quadro-negro seja extinto e substituído pelo aparelho de tv. Suspeitamos da eficácia deste programa no sentido de melhorar o ensino público, afinal o problema da escola pública não é a deficiência de técnicas didáticas do professorado, mas sim na impossibilidade deste professorado ministrar as suas aulas devido a falta de material básico, como livros de qualidade para cada um dos alunos.

Conclusão

O estágio nos colocou em contato com a realidade, nos proporcionando ampliar nosso campo de visão acerca da educação. Com ele descobrimos que a profissão professor é muito mais complicada do que imaginam os diversos grupos sociais, ao contrário, o professor esta exposto a um desgaste físico e emocional devido ao desafio de organizar/ensinar cerca de 40 alunos de uma vez só. Para dificultar ainda mais este desafio encontramos professores mal remunerados, se mostrando infelizes e desmotivados.
Em conversas na sala dos professores, percebemos a ausência de uma reciclagem de qualidade dos professores da rede. Os cursos de capacitação do Governo se mostram deficitários e paliativos, de modo que nos deparamos com pessoas desatualizadas de sua área de ensino.
Outro problema é a dificuldade de ensinar crianças que vem de situações sócio-economicas precárias, que não possuem alimentação de qualidade, que passam frio, ou ainda aquelas crianças que não são estimuladas dentro de casa, que ao longo de sua vida não tiveram a oportunidade de desenvolverem o conhecimento.
Os obstáculos para uma educação mais eficiente requer não somente o empenho do professor, apregoado por aquelas frases "escola, é a gente quem faz.";"Se tiver boa vontade dá para muita coisa."; "Se cada um fizer sua parte.", uma melhor educação eficiente somente seria possível se os alicerces ideológicos da sociedade fossem outros, contudo mediante os empecilhos históricos para se conseguir essa mudança, acreditamos que um melhor investimento na pessoa "professor" e o olhar para a realidade do educando sejam um dos caminhos para fazer com que o conhecimento chegue no aluno.

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